Ao longo das conversas que tive com pessoas sonhando em viver, estudar ou até mesmo trabalhar nos Estados Unidos, percebi que um dos maiores obstáculos é justamente o desconhecimento sobre os tipos de vistos e o passo a passo do processo. Senti isso na pele quando comecei minha própria jornada de pesquisa, enfrentando muitas dúvidas sobre formulários, documentação e entrevistas. É natural ter receio, mas acredito que a informação pode transformar insegurança em planejamento sólido. Hoje, compartilho um roteiro claro que pode ajudar brasileiros em diferentes fazes dessa caminhada.
Principais tipos de vistos para brasileiros
Sempre começo explicando que existem diversos tipos de autorização que permitem a entrada nos Estados Unidos, dependendo do objetivo da viagem. As categorias se organizam basicamente em turismo, estudos, trabalho e outras situações bem específicas, como intercâmbio ou tratamento médico. Segue um panorama resumido dos principais vistos procurados por brasileiros:
- Visto de turista (B1/B2): Indicado para quem deseja viajar a passeio, visitar familiares, participar de conferências, consultas médicas ou tratar de negócios sem vínculo empregatício.
- Visto de estudante (F-1 e M-1): Apropriado para quem vai cursar graduação, pós, cursos de idiomas, ensino técnico, intercâmbio acadêmico, entre outros.
- Visto de trabalho (H, L, e outros): Voltado para aqueles que vão exercer atividade profissional nos EUA, seja transferido por empresa (L-1), contratado por habilidades específicas (H-1B), ou em trabalhos sazonais/agricultura (H-2B e H-2A).
- Vistos de intercâmbio (J-1): Usado para quem participa de programas culturais, estágios, trainees e au pair.
- Visto de trânsito (C): Para quem apenas fará conexão aérea ou marítima pelo território americano.
Nem sempre o visto mais simples é o mais adequado.
Já encontrei pessoas que confundiram as modalidades, por isso recomendo: analise com atenção a finalidade da sua viagem antes de dar início ao pedido. Escolher o visto errado pode gerar recusa imediata.
O passo a passo para solicitar visto americano
Eu já passei por cada etapa, então compartilho aqui a ordem recomendada para quem está dando os primeiros passos:
1. Definição do tipo de visto
Como mencionei, analisar a finalidade da viagem é o ponto de partida. Depois, basta buscar qual categoria corresponde ao seu objetivo.
2. Preenchimento do formulário DS-160
O famoso formulário DS-160 é obrigatório para a maioria dos vistos de não-imigrante. Ele deve ser preenchido em inglês, preferencialmente sem erros e com máximo de atenção às informações. São solicitados dados pessoais, profissionais, da viagem e histórico de viagens anteriores.
- Reserve um tempo calmo para preencher. Se errar, pode ser necessário começar do zero.
- Guarde o número da confirmação gerada ao final, pois será essencial nas próximas fases.

3. Pagamento da taxa consular
Após o preenchimento do DS-160, é preciso pagar a taxa de solicitação, conhecida como MRV. O valor, em 2024, gira em torno de US$ 185 para turismo e estudos, e pode variar conforme o tipo de pedido. O pagamento pode ser feito por boleto bancário ou cartão de crédito internacional (dependendo das instruções no site oficial).
- Guarde o comprovante! Ele será solicitado mais adiante.
- Lembre-se de que a taxa não é reembolsável, mesmo em caso de recusa.
4. Agendamento da entrevista e coleta de dados
Logo após o pagamento, é o momento de agendar o atendimento. Algumas categorias exigem presença em dois locais:
- CASV (Centro de Atendimento ao Solicitante de Visto): Para coleta de foto e impressões digitais. Normalmente agendado antes da entrevista consular.
- Entrevista no Consulado ou Embaixada: Feita presencialmente, com apresentação dos documentos e avaliação do pedido por um agente consular.
Menores de 14 ou maiores de 79 anos, em muitos casos, não precisam ser entrevistados, mas é fundamental confirmar as regras conforme seu perfil e o tipo de visto.
5. Preparação e organização dos documentos
Organizar a documentação é um dos pontos que mais causa insegurança. Na minha experiência, ter tudo impresso, em ordem e de fácil acesso é meio caminho andado para enfrentar a entrevista com tranquilidade. Os documentos variam conforme a categoria, mas de modo geral, para os vistos mais comuns, é recomendável levar:
- Passaporte válido (no mínimo seis meses além da data de retorno prevista);
- Página de confirmação do DS-160;
- Comprovante de pagamento da taxa MRV;
- Foto recente conforme padrão dos EUA (caso o CASV não utilize a digital);
- Comprovantes de renda e vínculo com o Brasil (holerite, IR, matrícula em escola/faculdade);
- Carta convite, se aplicável;
- Documentos da situação profissional (carteira assinada, contrato, CNPJ, etc.);
- Itinerário de viagem, reserva de hotel ou carta da instituição de ensino;
- Documentação adicional conforme exigência do visto pretendido.
Documentos bem organizados transmitem credibilidade imediatamente.
6. Realização da entrevista consular
No dia da entrevista, costumo aconselhar a evitar respostas ensaiadas. O agente está acostumado a identificar inconsistências e pode fazer perguntas que parecem simples, mas são para medir segurança e clareza nas informações.
O objetivo do entrevistador é analisar se você tem intenção de retornar ao Brasil ao final do período autorizado.
- Seja honesto sobre suas intenções.
- Aponte vínculos sólidos com o país, como trabalho, estudo, posses ou família.
- Leve apenas o necessário e não tente entregar documentos não solicitados, mas esteja pronto para mostrar o que for pedido.
Como comprovar vínculos e aumentar as chances de aprovação
Dentre as perguntas que mais enfrento, essa é disparada uma das campeãs. O consulado quer ter certeza de que você não pretende ficar além do permitido. Por isso, explicar e comprovar seus verdadeiros laços com o Brasil faz toda a diferença.
- Se já está inserido no mercado de trabalho, leve carteira de trabalho, carta da empresa ou holerites mostrando estabilidade no emprego.
- Para quem estuda, apresentar matrícula ou declaração da escola/faculdade.
- Declaração de imposto de renda e extratos bancários ajudam a mostrar capacidade financeira para arcar com as despesas.
- Se tem imóveis, leve escritura ou contrato de aluguel. Família no Brasil também é um ponto forte, certidão de casamento, nascimento dos filhos, etc.
Mostrar raízes no Brasil diminui o risco de recusa.
Não basta só falar que voltará. Demonstrar provas documentais faz toda a diferença na avaliação do consulado.

Principais vistos em detalhes
Visto de turista (B1/B2)
O visto B1/B2 é o mais solicitado por brasileiros que desejam conhecer os Estados Unidos, seja para lazer, negócios, ou visitar parentes. Suas principais características:
- Validade que pode chegar a 10 anos, com múltiplas entradas.
- Cada estadia é geralmente limitada a até 6 meses, a autoridade migratória decide quando você entra.
- Não permite estudar ou trabalhar.
- Para viagens combinando negócios e turismo, não há necessidade de vistos separados, o B1/B2 cobre ambas as atividades.
Nunca confunda visto de turista com permissão para trabalhar.
Visto de estudante (F-1, M-1)
Esse é para quem está em busca de aprimoramento acadêmico ou profissional. Os principais tipos:
- F-1: Cursar universidades, high schools, cursos intensivos de idiomas e programas acadêmicos.
- M-1: Ensino técnico e cursos vocacionais.
Aqui, é obrigatório apresentar o formulário I-20, emitido pela instituição americana após sua aceitação. Além disso, você terá que provar recursos financeiros para custear estudos e estadia.
Vistos de trabalho (H-1B, L-1, H-2B, H-2A)
O universo dos vistos de trabalho é amplo, cheio de detalhes e regras específicas. Os mais conhecidos são:
- H-1B: Para trabalho em áreas especializadas, exige oferta formal de empregador americano e comprovação de formação.
- L-1: Para transferência interna de funcionários de multinacionais.
- H-2A: Trabalho temporário em agricultura.
- H-2B: Trabalho temporário não agrícola, em períodos de alta demanda.
Nessas situações, a empresa americana precisa realizar solicitações detalhadas junto às autoridades dos EUA antes que o processo avance para a entrevista do solicitante no Brasil.

Visto de intercâmbio (J-1)
Serve para estudantes em programas de troca cultural, pesquisadores, professores visitantes, médicos em residência e au pairs. O processo exige carta de aceitação (DS-2019) e pode, em alguns casos, limitar o tempo de permanência, além de impor regras para retorno ao país de origem.
Visto de trânsito (C)
Específico para pessoas que farão apenas conexões rápidas em aeroportos ou portos americanos durante uma viagem internacional. Não autoriza saída do aeroporto.
Taxas consulares e formas de pagamento
Uma dúvida recorrente diz respeito ao custo do processo. A maioria dos vistos de não-imigrante possui taxa de US$ 185, que deve ser paga antes do agendamento. Para algumas categorias, como vistos de trabalho especializados, podem existir taxas adicionais, pagas pelo empregador nos EUA.
O pagamento é realizado através de boleto bancário (em reais), cartão de crédito internacional, ou, em alguns casos, transferência eletrônica, conforme opções do sistema oficial. O comprovante deve ser guardado para apresentar mais adiante.
A taxa nunca é devolvida em caso de recusa.

Erros comuns e como evitar recusa do visto
Tenho visto situações em que erros simples geraram recusa imediata. Compartilho abaixo os deslizes que mais encontro e como agir para evitá-los:
- Informações inconsistentes: Divergências entre o que está no DS-160, nos documentos e nas respostas na entrevista enfraquecem sua credibilidade.
- Documentação incompleta ou ausente: Não apresentar comprovantes solicitados ou deixar de levar o documento original pode ser motivo para a negativa.
- Falta de comprovação financeira: Não ter como provar que tem condições de arcar com os custos da viagem e estadia.
- Escolha errada de tipo de visto: Tentar tirar visto de turismo quando na verdade o objetivo é estudo ou trabalho pode parecer tentativa de burlar as regras.
- Excesso de detalhes desnecessários: Tentar explicar demais pode gerar dúvidas. Responda o que for perguntado, de forma clara e direta.
Menos é mais: respostas simples e verdadeiras têm mais peso do que longas justificativas.
Dicas para organizar toda a documentação sem erros
Depois de muitos relatos, aprendi que criar um checklist e montar uma pasta ou envelope para cada etapa evita esquecimentos. Também aconselho:
- Se possível, digitalize todos os documentos importantes e envie para si mesmo por email;
- Revise as datas de validade de passaporte e comprovantes;
- Anote os protocolos e recibos gerados pelo site oficial após cada fase;
- Peça ajuda de quem já passou pelo processo se restar alguma dúvida;
- No dia da entrevista, chegue com antecedência, mantenha calma e seja organizado.
Prazo de processamento, entrega do passaporte e renovação
O tempo de análise varia conforme o tipo de pedido, época do ano e fila no consulado. Em geral, após a entrevista, pode levar de 3 a 21 dias para liberação do passaporte com o visto estampado. O documento pode ser retirado no CASV ou enviado ao endereço cadastrado, dependendo da escolha feita na solicitação.
Para renovação, muitas vezes menores de 14 e maiores de 79 não precisam de nova entrevista, mas o procedimento é praticamente igual ao de um pedido novo, com apresentação do DS-160, taxa, coleta de dados e entrega do passaporte anterior.

Seguro viagem e a entrada nos EUA
Em minhas leituras e conversas com viajantes, percebi que ter um seguro viagem na mala é uma escolha inteligente. Os Estados Unidos não exigem o seguro para turistas, mas custos médicos por lá são altíssimos, e um simples atendimento pode custar uma fortuna. Para quem vai estudar ou participar de intercâmbio, a escola ou programa cultural normalmente obriga a contratação do seguro e apresenta exigências claras sobre a cobertura mínima.
Os imprevistos acontecem e, sem seguro, qualquer emergência pode virar um enorme problema.
Conclusão
No meu ponto de vista, entender cada etapa do processo e conhecer o tipo de visto adequado são os maiores aliados de quem sonha em viajar, estudar ou trabalhar nos Estados Unidos. Organizar bem a documentação e ser transparente nas informações já elimina grande parte das chances de recusa. Não existe fórmula mágica: tudo se baseia na honestidade, na clareza e na demonstração de laços reais com o Brasil.
Cada vez que converso com alguém que venceu esse desafio, percebo que, apesar do caminho parecer longo, com calma e preparação tudo fica mais leve. Se você se enquadra em uma das situações citadas, com certeza já está mais preparado para enfrentar o processo até conquistar seu visto americano. Não se deixe paralisar pela insegurança. Planeje, revise, mantenha tudo em ordem, e confie no seu objetivo. A experiência pode ser transformadora e abrir portas para muitas novas conquistas.
Perguntas frequentes
Quais são os tipos de visto para os EUA?
Os vistos mais comuns para brasileiros que desejam viajar aos Estados Unidos são: B1/B2 (turismo e negócios), F-1 e M-1 (estudos), H-1B, L-1, H-2A, H-2B (trabalho), J-1 (intercâmbio/cultura/au pair), e C (trânsito). Cada um atende a uma finalidade específica e possui exigências próprias.
Como tirar visto americano pela primeira vez?
O processo demanda preencher o formulário DS-160, pagar a taxa consular, agendar atendimento no CASV e no consulado, reunir todos os documentos e passar por entrevista presencial. O detalhamento de cada etapa deve ser consultado conforme o tipo de visto solicitado.
Quanto custa o visto para os Estados Unidos?
A taxa para a maioria dos pedidos, em 2024, é de US$ 185. Pode haver custos extras caso precise de serviços adicionais ou traduções juramentadas. Vistos de trabalho podem envolver taxas diferenciadas, dependendo da categoria.
Qual o tempo de validade do visto americano?
Os vistos de turista e estudante geralmente têm validade de até 10 anos, permitindo várias entradas durante esse período. Vistos de trabalho e intercâmbio podem ter prazos menores, limitados ao tempo do contrato ou programa nos EUA.
Preciso de entrevista para conseguir o visto?
Sim, a maioria dos solicitantes entre 14 e 79 anos passa por entrevista presencial no consulado ou embaixada. Menores de 14 e maiores de 79 anos, em situações específicas, podem ser dispensados, mas ainda assim precisam apresentar documentação.
