Quando pensamos em mudar de país, logo surgem mil perguntas sobre os filhos. Em minha experiência, vi muitas famílias atravessarem esse processo com dúvidas e receios, especialmente em relação à adaptação das crianças. Afinal, cada fase da infância e adolescência traz necessidades e jeitos próprios de sentir as mudanças. E se existe algo que aprendi, é que planejamento e informação ajudam, muito. Por isso, resolvi compartilhar um guia prático, separado por faixas etárias, para quem sonha com uma vida no exterior, assim como sugiro nas orientações do Viver Lá Fora.
Por que adaptar a conversa conforme a idade dos filhos?
Não existe uma receita mágica para imigração com filhos, mas cada faixa etária reage de forma diferente à mudança. Crianças pequenas, por exemplo, podem sentir mais com a quebra da rotina. Pré-adolescentes geralmente questionam. Já os adolescentes enfrentam questões de identidade e pertencimento. Entender isso faz toda a diferença no processo— e ajuda a evitar frustrações que podem aparecer tanto para pais quanto para filhos.
Mudança de país é mudança de mundo para quem está crescendo.
Esse entendimento é fundamental para que possamos preparar cada um da melhor forma para o que está por vir.

Primeira infância (0 a 5 anos): o impacto da rotina
Na primeira infância, o principal desafio costuma ser a quebra da rotina e das referências afetivas. De acordo com os dados sobre educação infantil, a participação em creches e pré-escolas está cada vez maior, e isso mostra que os pequenos precisam mesmo de estímulo, contato social e ambiente seguro (educação infantil cresce em 2023). Sendo assim, a dica preciosa é manter algumas referências conhecidas no novo país, quando possível:
- Levar brinquedos ou objetos de apego do Brasil;
- Manter horários próximos para sono e alimentação;
- Explorar juntos a nova casa e o entorno de forma lúdica;
- Buscar creches ou grupos de mães/pais já nas primeiras semanas;
- Falar a língua de casa para preservar o vínculo familiar.
Mesmo pequenos, crianças sentem a energia dos pais. Minhas pesquisas e experiências mostram que, quando nos mostramos confiantes, transmitimos tranquilidade para eles.
Idade escolar (6 a 12 anos): medos e curiosidades
Por volta dos 6 anos, surge a necessidade de pertencer a um grupo. Os amigos da escola e os familiares passam a ter muita influência na vida dos pequenos. Segundo dados do Censo Escolar, a maior parte das crianças brasileiras já estão escolarizadas nessa faixa. Então, ao imigrar, preparar seus filhos para a nova escola faz toda diferença.
- Converse sobre a cultura, costumes e como será a nova escola;
- Proponha atividades para pesquisar juntos o novo país ou cidade;
- Incentive a se despedir bem dos amigos e a criar laços com novos colegas;
- Escute os medos e as dúvidas, acolhendo as emoções sem minimizar;
- Considere manter algumas tradições brasileiras em casa.
Costumo dizer que essa fase é cheia de perguntas, e a melhor resposta sempre é a que vem junto da verdade e do acolhimento. Deixe claro que sentir saudade é natural, mas também mostre o quanto eles vão crescer e aprender nesse novo ciclo.
Adolescência (13 a 17 anos): identidade e autonomia
A adolescência já é um período de muitas mudanças por si só. Ao adicionar o desafio de deixar o país de origem, os sentimentos ficam ainda mais intensos. Segundo dados do IBGE, muitos ainda enfrentam situações de trabalho precoce no Brasil, o que mostra que cada contexto é um universo (situação de trabalho infantil em 2024).
Com adolescentes, o segredo está no diálogo, no respeito à individualidade e numa dose extra de escuta ativa. O que aprendi convivendo com famílias durante esse processo:
- Inclua o adolescente nas decisões, ouvindo suas opiniões sobre escola, bairro e atividades;
- Ajude-os a encontrar grupos de interesse, sejam esportes, arte ou estudos;
- Apoie o desenvolvimento da autonomia, seja dando pequenas responsabilidades ou apoiando trabalhos voluntários;
- Esteja disponível para conversar sobre saudades, inseguranças e novas experiências;
- Reforce os valores de casa, garantindo que a base familiar seja referência mesmo na distância.
Adolescente precisa de espaço, de voz e de respeitar o próprio tempo.
Nesse momento, a tolerância com as fases difíceis faz diferença. Esse apoio parental é um presente para o resto da vida.
Como a preparação da família impacta a adaptação?
No início, pode parecer tentador focar só na parte prática: documentos, casa, passagens. Mas logo percebemos que a emoção pesa bastante. Utilizando a experiência que adquiri com a equipe da Viver Lá Fora, descubro que preparar a família toda é uma etapa que gera frutos depois.
- Envolver os filhos no planejamento;
- Mantê-los informados sobre cada etapa;
- Fazer pequenas celebrações de conquistas do processo;
- Buscar referências e grupos brasileiros no destino quando possível.
Esse preparo pode prevenir desafios emocionais e facilitar a entrada em novas rotinas.

Dicas rápidas para facilitar a transição
- Fale sobre o novo país sem tabus, destacando oportunidades e desafios;
- Incentive o contato gradual com o idioma local, com filmes, músicas e brincadeiras;
- Estruture tarefas em pequenos passos, como atividades do planejamento familiar (a ferramenta da Viver Lá Fora é ótima para isso);
- Mostre fotos da nova cidade, crie expectativas positivas, mas sem prometer perfeição;
- Acolha os momentos de saudade sem pressionar, permitindo idas e vindas emocionais nos primeiros meses.
Filhos preparados tendem a ter mais facilidade para formar novas amizades, retomar os estudos e se sentir parte do novo local.
O papel dos pais e a importância de pedir ajuda
Os pais nem sempre estão prontos para cada sentimento que aparece. Está tudo bem. Trocar experiências com outras famílias, aprender sobre acolhimento emocional e usar o suporte de especialistas no destino pode ser uma saída. Inclusive, a procura de soluções organizadas, como o planejamento do Viver Lá Fora, é uma forma de trazer paz e estrutura para todos os envolvidos.
Desafios partilhados viram força para atravessar fronteiras.
Conclusão: Fazer do planejamento um aliado
Imigrar com filhos é um desafio, sim, mas também pode ser uma das experiências mais ricas da vida em família. O segredo, para mim, está na preparação, na paciência diante dos sentimentos e na disposição para recomeçar juntos. Uma conversa adaptada a cada idade, pequenas ações contínuas e planejamento detalhado são os ingredientes que tornam essa transição menos pesada.
Se você conhece alguém que está se organizando para viver fora, recomendo explorar o planejamento para mudança internacional do Viver Lá Fora. Ao transformar o desejo em um plano estruturado, o caminho até o novo destino se torna mais leve para todos.
Perguntas frequentes sobre imigração com filhos
Como preparar crianças pequenas para imigração?
O ideal é manter ao máximo a rotina que elas já conheciam: horários regulares, brinquedos e objetos de apego por perto. Converse com calma, use livros infantis sobre mudanças e estimule o contato social em creches ou grupos de pais, proporcionando transição gradual.
Como lidar com adolescentes durante a mudança?
Com adolescentes, o segredo é escuta ativa e respeito ao tempo de adaptação. Inclua-os nas decisões importantes, converse sobre expectativas, esteja presente para acolher possíveis frustrações e ajude a buscar novas redes de apoio e amizades em seu novo destino.
Quais são os principais desafios por idade?
Crianças pequenas sentem mais a quebra de rotina. Crianças em idade escolar enfrentam a adaptação escolar e social, enquanto adolescentes lidam com questões de identidade, autonomia e pertencimento. Cada fase exige abordagem única e orientada ao contexto.
Como escolher a escola ideal para filhos?
Pesquise escolas que valorizem diversidade, tenham suporte emocional e ofereçam integração a alunos novos. Visite o ambiente, converse com educadores e procure ouvir outros brasileiros no destino. Planejar com antecedência evita imprevistos e abre portas para adaptação melhor.
Como ajudar filhos a aprender novo idioma?
O contato diário é o melhor caminho: incentive filmes, livros, músicas e brincadeiras no idioma local. Considere cursos de reforço e envolva a família em atividades, tornando o aprendizado leve e divertido. Valorize pequenas conquistas e celebre o progresso para fortalecer a autoconfiança.
